
ALBERTO CAEIRO
Memória Descritiva
“Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos.”
Fernando Pessoa in Carta a Adolfo Casais Monteiro
Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza. Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao acto de ver, e escreve em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo.
Para Alberto Caeiro, pensar é inutil e só através das sensações poderemos perceber o mundo. É um poeta de completa simplicidade, e considera que a sensação é a única realidade. Caeiro aceita a realidade tal como é, de forma tranquila e vê o mundo sem necessidade de explicações. Para ele, contemplar a natureza é suficiente, não precisa de a entender. Caeiro desvaloriza a existência de temporalidade, ou seja, não há passado, presente ou futuro, todos os instantes são uma unidade de tempo.
Memória Descritiva
“Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos.”
Fernando Pessoa in Carta a Adolfo Casais Monteiro
Alberto Caeiro apresenta-se como um simples “guardador de rebanhos”, que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Daí o seu desejo de integração e de comunhão com a natureza. Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos, Caeiro dá especial importância ao acto de ver, e escreve em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo.
Para Alberto Caeiro, pensar é inutil e só através das sensações poderemos perceber o mundo. É um poeta de completa simplicidade, e considera que a sensação é a única realidade. Caeiro aceita a realidade tal como é, de forma tranquila e vê o mundo sem necessidade de explicações. Para ele, contemplar a natureza é suficiente, não precisa de a entender. Caeiro desvaloriza a existência de temporalidade, ou seja, não há passado, presente ou futuro, todos os instantes são uma unidade de tempo.
A Composição Visual
Para a nossa composição visual, decidimos basear-nos naquilo que é mais importante para Caeiro – A natureza. Assim, resolvemos de uma forma muito simples e através da tipografia compor a forma de uma árvore em fundo preto mais uma vez para destacar a natureza e a simplicidade. Ao fundo, a complementar a composição, destacamos o conhecido verso „Pensar é estar doente dos olhos.‟
Para Caeiro, pensar é não usufruir da realidade, é recionalizar aquilo que jamais pode ser racionalizado. Segundo a sua doutrina, a visão é aquilo que de melhor temos e é através dela que devemos percepcionar a realidade.
Para a nossa composição visual, decidimos basear-nos naquilo que é mais importante para Caeiro – A natureza. Assim, resolvemos de uma forma muito simples e através da tipografia compor a forma de uma árvore em fundo preto mais uma vez para destacar a natureza e a simplicidade. Ao fundo, a complementar a composição, destacamos o conhecido verso „Pensar é estar doente dos olhos.‟
Para Caeiro, pensar é não usufruir da realidade, é recionalizar aquilo que jamais pode ser racionalizado. Segundo a sua doutrina, a visão é aquilo que de melhor temos e é através dela que devemos percepcionar a realidade.
RICARDO REISMemória Descritiva
Ricardo Reis não deixa de ser Fernando Pessoa. O mais complexo heterónimo do poeta que “faz versos” orienta toda a sua acção segundo duas filosofias complementares: o estoicismo e o epicurismo. Estas são, assim, doutrinas filosóficas que permitem reivindicar uma forma de estar no mundo que se aproxima da visão pagã.
É que o Dr. Ricardo Reis, com o seu neoclassicismo, a sua crença verdadeira e real na existência de divindades pagãs, é um sensacionalista puro, embora de género diferente. A sua postura para com a natureza é tão agressiva para com o pensamento como a de Caeiro; não imagina quaisquer significados nas coisas, escreve Fernando Pessoa acerca de Reis.
Aproximando-se do mestre Alberto Caeiro, Ricardo Reis situa o ser humano na mesma escala existencial dos seres que integram o universo. O Homem é regido pelas regras cosmogónicas universais e o apelo deste heterónimo pessoano surge no sentido de promover a consciência deste facto, o que implica uma desvalorização da individualidade e da ideia de que o Homem pode controlar a sua existência. É a constatação desta verdade que leva Ricardo Reis a defender a ataraxia, a inércia como única possibilidade perante o reconhecimento da inevitabilidade do destino e da morte.
Existir é nada ter, é nada poder. Este poeta não acredita na obtenção de verdades e a sua única certeza é que não fugiremos ao nosso fado, ao nosso destino, que culminará, inevitavelmente, na morte. Propõe, como tal, a anulação da vontade, a aceitação passiva de todas as coisas, a recusa da emoção e do prazer exagerado. Para Ricardo Reis, o homem é um ser que está preso na sua própria condição. A renúncia é a única coisa que nos resta perante uma vontade divina que nos transcende. Reis propõe o gozo do momento, o carpe diem, pois o futuro é incógnito e a vida é efémera.
Ele reconhece uma inutilidade nas acções e considera que o ser humano nunca poderá ser feliz; deve, por isso, evitar os prazeres fortes e aceitar a dor como algo que, inevitavelmente, teremos de sentir. A tranquilidade é o nosso único quinhão de felicidade e de liberdade.
Foi precisamente a partir dos pilares que orientam a poesia de Reis que se construiu a composição visual final.
A Composição Visual
Reis é, como referido, um poeta sustentado pelo epicurismo, estoicismo, apatia e ataraxia que nos remetem, de imediato, para a filosofia do carpe diem.
Como tal, a composição procurou precisamente abordar diversos pontos desta figura pessoana. Assim, de imediato visualizamos dois „R‟ que significam, primeiramente „Ricardo Reis‟. Contudo, o significado implícito é pois, o pretendido; trata-se de um modo de reforçar a ideia da apatia e da desvalorização das acções. Reis defende que o Homem está completamente condenado ao fado, pelo que os seus comportamentos em nada o mudarão. A ideia de reflexo/espelho transmite, então, o conceito de inactividade, de tranquilidade. A complementar está, claro, o carpe diem, escrito em cima dos “R”, também para transparecer que esta é a filosofia de vida que orienta todas as (poucas) acções que este procura tomar. A fonte escolhida para escrever esta última expressão transmite calma, simplicidade.
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ÁLVARO DE CAMPOS
Memória Descritiva
Álvaro de Campos é o único heterónimo que apresenta três fases distintas na sua obra. Começa a sua obra na fase decadentista onde o autor expressa a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia e de novas sensações. Uma das obras mais conhecidas desta fase foi „Opiário‟.
Adere pouco depois ao futurismo que é quando começa a fase sensacionista, na qual Campos exalta o progresso científico. Uma das suas mais importantes obras – Ode Triunfal – insere-se na fase sensacionista onde o autor expressa a sua vontade de „sentir tudo de todas as maneiras‟ e onde procura fundir-se com a máquina. Além de exprimir o sensacionalismo nesta fase, é notável também o masoquismo uma vez que este diz que quer sentir o atropelo das máquinas „Ragar-me todo, abrir-me completamente‟.
Após uma desilusão com a sua existência inicia a fase intimista na qual se depara com a incapacidade de realização e por isso volta ao abatimento. Nesta fase é notável o „íssimo, íssimo, íssimo, cansaço..‟ e a descrença em relação a tudo.
“Campos, [surge] quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê.”
Fernando Pessoa in Carta a Adolfo Casais Monteiro
A Composição Visual
Para esta composição decidimos focarmo-nos apenas na fase sensacionista na qual os poemas de Álvaro de Campos exprimem a alegria pelo movimento, pelas novas tecnologias, pelo barulho, cor, etc.
Campos está quase como a declarar o seu amor pela sociedade contemporânea e por tudo o que ela envolve. São frequentes as enumerações e onomatopeias que explicam de uma forma alucinante tudo aquilo que se vivia.
Decidimos utilizar versos da Ode Triunfal para esta composição e fazer como que um aglomerado de palavras sem sentido. Fazer com que no meio da página estivesse „um monte‟ de palavras misturadas, para dar a ideia da loucura, de movimento e da sobreposição de ideias e sensações.
Nesta composição destacamos o verso „Tenho febre e escrevo‟ porque consideramos que era um dos que melhor expressava essa tal ideia de uma valorização da máquina quase febril. Como se a necessidade de escrever sobre as máquinas, sobre os avaços tecnológicos fosse inabalável.
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